38a Mostra SP #1 – Marin Karmitz

Após perder a abertura com o novo argentino que tem o Darín, e realmente me conformar que nem vou tentar a oficina de roteiro com Fernando Castets (“O filho da noiva” / 2001 *** é lindo, lindo, lindo!), meu primeiro dia de mostra foi ir para o CineSesc – adoro a sala, os quitutes, a área de espera, tudo, tudo, um dos meus locais favoritos em São Paulo.

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Marin Karmitz: uma vida nos filmes

(Marin Karmitz: bande à part / 2014) **

Intuito: apresentar o rebelde, produtor, distribuidor, colecionador de artes e a MK2, claro.

:D – Pra quem realmente não conhece nada da MK2 e de Marin, mais do que válido conhecer as diferentes facetas, por falas de artistas, atrizes e diretores (como Agnes Varda, Abbas Kiarostami, Michael Haneke, Juliette Binoche).

– Não deixando de tocar em contextos históricos importantes e alternando com sentimentos, tem um bom ritmo de apresentação, deixando o espectador satisfeito por ter conhecido uma personalidade fascinante.

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Após essa sessão, tivemos um momento para perguntas e respostas, com a presença do filho de Marin, que hoje é presidente da MK2. Para mim, que não sei coisa alguma do cenário francês atual, foi bem instrutivo.

Nathaniel comentou sobre a vontade do pai de sempre seguir por um caminho diferente. Quando perguntado sobre como escolhem os projetos para produzir, diz que a base é ter bons diretores, pessoas que se interessam por trazer algo para as artes e não o propósito comercial – sempre que foi pelas artes, foram um sucesso; do contrário, fracassaram. E apesar de não acreditar em “cinema de auteur” hoje, valorizam a paixão e o amor pelas artes.

Deu o exemplo de “Elefante” (2003)***, que foi rejeitado por muitas empresas, por seu mote principal, mas a MK2 apostou e acabou sendo bem reconhecido.

Uma das pessoas perguntou por que seu pai comenta tanto sobre erros, Nathaniel responde que cinema é arte, mas é uma indústria imprevisível, com a experiência vamos aprendendo. E logo no início do debate, ele deixa claro que o que aprendeu com exibição é que tudo é possível. Hoje, admite que produzem menos do que distribuem, mas isso muda o tempo todo. Mesmo seu pai sempre foi engajado politicamente, e a posição política hoje em dia é ajudar diretores a serem exibidos. Com as novas tecnologias, o desafio é fazer com que as pessoas saiam de casa – para isso é preciso ter sala, estrutura e filme bons. 

A parte que achei bem interessante foi o sistema de incentivo francês, com o CNC (Centro Nacional de Cinema). Parte do valor do ingresso é vertido para as empresas francesas (até mesmo para filmes norte-americanos). Nathaniel acredita que é por isso que o cinema francês é forte, até a Coréia, quando tinha um sistema semelhante produzia mais.

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Gostei do meu primeiro dia de Mostra, que foi super tranquilo e útil :)