Os intocáveis

(Intouchables / 2012) ****
2012-intouchables
Historinha: um ricaço paraplégico contrata um ajudante para a vida.
:D: tá vendo? Não é tão difícil fazer um filme bacana – tudo certinho, sem firulas e estripulias, sem pretensões, e olha que a trama é bem comum (duas realidades muito distintas que se chocam e levam os protagonistas a mudar). O concorrente oficial ao Oscar arrebatou plateias do mundo todo (o francês mais visto no exterior, superando O fabuloso destino de Amélie Poulain – hereges!). Mas não é por menos.
A parte dramática tem o respeito da câmera, que bonito é ver Driss aliviando as convulsões de Philippe, preocupar-se com a mãe, com o irmão às beiras da delinquência, ainda que ao seu modo. Como é bonito ver o receio nos olhos de Philippe diante da possibilidade de encontrar a correspondente de suas cartas, não querer piedade.

O humor é honesto e contagiante. Podemos rir sem culpas – e como não sorrir se logo o preconceito é jogado na nossa cara e despistado? Com a “boa vida” que Driss ganha, seja numa corrida de carro, num voo de parapente, com o toque das orelhas, com o interesse romântico de Driss não funcionando… delicioso embate entre música clássica x popular.

E o que faz toda a diferença é exatamente poder sorrir mesmo diante das dificuldades: seja para Driss, para Philippe, ou para nós. Se fazer sorrir é uma arte, este quadro vale, sim, milhares de euros.