“Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” para o Oscar 2023

Quase terminando a série de posts dos indicados ao Oscar deste ano, com breves comentários conforme as categorias às quais foram indicados.

Para a notação abaixo, consideremos:

Nota 01 – um universo em que todos tem dedos de hot-dog.

Nota 02 – um universo de seguidores de um bagel buraco negro niilista gigante.

Nota 03 – um universo de amores insatisfeitos e nuances do Wong Kar-wai.

Nota 04 – um universo em que Alpha Waymond ensina a despertar a mente como em Matrix.

Nota 05 – um universo com imperfeições, mas em que conseguimos ver, realmente, o que importa (hah! E vocês acharam que eu iria dizer “um universo de pedras filosofando”!)

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Quem diria que essa bagunceira mistureba teria fôlego para chegar como um dos favoritos na corrida do Oscar, hein? Acho que é a primeira produção da A24 que chega com tantas indicações (11 no total) e nem era “filme para o Oscar”, lançaram meio que no início do ano de 2022; mas nesta temporada de prêmios já levaram dos sindicatos de roteiristas, atores, produtores e diretores, não me admiraria se sair como o grande vencedor da noite no próximo domingo.

Gostaria de ter toda essa empolgação, assim como todo mundo adorava “Parasita”, mas para mim nem é tudo isso não. Tá, me diverti, é um filme muito especial, mas não sei se entra na minha lista de “clássicos” ou um daqueles que todo mundo tem que ver algum dia… tem um breve comentário aqui, de final de ano. Será que é a representação, a “voz” da atual geração? Hmmm, acho que estou muito velha para pensar como a atual geração?

Engraçado que apesar da onda atual de abordar múltiplos universos (Dr. Estranho, Loki, Spiderverse, só pra citar alguns), na verdade esse roteiro dos Daniels já tinha sido pensado anos atrás, inclusive ficaram com receio de que a segunda temporada de “Ricky & Morty” já teria trabalhado a maior parte das suas ideias! A princípio, acompanhamos uma senhora dona de lavanderia que precisa organizar os papeis para a receita, que é um pouco infeliz com sua vida como se tornou – e quem de nós nunca parou para pensar nas escolhas que já fez, imaginando como teria sido outro caminho, outra vida? Eis que ela acaba envolvida numa missão de salvar o mundo e as diversas linhas do tempo em diferentes universos (cada escolha nossa gera uma versão diferente de vida).

Essa chinesa de meia-idade é vivida com propriedade por Michelle Yeoh, indicada a melhor atriz principal, que tem a oportunidade de lutar muito kung-fu e viver outras personagens numa só – entre elas, uma mestre em artes marciais e atriz famosa (ecos de “Tigre e o Dragão”). O esposo é vivido por Ke Huy Quan, indicado a melhor ator coadjuvante, que ficou muito tempo sem trabalho e aqui faz algumas referências aos seus personagens quando era garoto junto de Spielberg (e até uma luta à la Jackie Chan, quem seria o protagonista na primeira ideia dos Daniels). A filha com quem ela precisa aprender a conviver e ver melhor é a indicada a melhor atriz coadjuvante Stephanie Hsu. E a outra indicada a melhor coadjuvante é a nossa queridona Jamie Lee Curtis, como a fiscal do imposto de renda, entre outras personas, inclusive a parceira de dedos de salsicha.

Nessa lambança, os diretores indicados, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, trazem um montão de referências e conseguem manter um bom ritmo, com o melhor deste projeto: a combinação de diversos gêneros do cinema em um filme só (ação, comédia, terror, drama…), em que diversas habilidades se complementam para ajudar a protagonista Evelyn em sua jornada e inclusive situações e diálogos também não estão à toa, mas contribuindo, acrescentando algo. Mesmo assim, nós não ficamos perdidos, mérito da montagem, que precisou cortar 1h40 min de filme a mais que ainda tinham, pra chegarem nesse resultado; a cena da luta na escadaria é um destaque, com alguns detalhes engraçados de embate considerando vários momentos pelos quais tínhamos passado antes.

E com tantos personagens e universos distintos, os figurinos também ganharam uma indicação, tendo que trabalhar, por exemplo, com a expressão vívida em cada visual de Jobu (em contraste à Joy). O mesmo vale para a trilha sonora que deve acompanhar cada universo ou movimento de modo diferente, e também foi indicada a canção original “This is a life”, que nem considero tão emblemática para Evelyn, mas faz sentido, embora cantem no karaokê “Barbie Girl” (e tinha todo um plano para cantarem juntos essa no final do filme!).

Bem, ao final, nem acho tão ruim quanto alguns, nem tão maravilhoso quanto outros, mas é diversão e emoção garantida e foi indicado a melhor filme também.

Coisinhas divertidas pra se notar em “Tico e Teco: Defensores da Lei”

Todo ano é a mesma coisa… depois da maratona para o Oscar eu fico sem vontade alguma de conferir os novos filmes de Hollywood e quero é ver algum filme bom, mas divertido, que talvez seja mais antigo, mas eu acabei deixando passar.

Mas não é que um lançamento do canal de streaming Disney+ me deixou animadinha pra vir aqui e registrar algo? Que filmes de super-heróis que nada, minha gente, eu tô ficando velhinha – será que vem por aí outra crise de meia-idade? – e não tenho vergonha de me entregar à nostalgia. Se alguém por aí me conhece bem, sabe que um dos meus filmes favoritos é “Uma cilada para Roger Rabbit” (Who framed Roger Rabbit? / 1988)****, e como esse filme, que traz de volta a turminha de pequenos detetives aventureiros sensação para as crianças dos anos 90, bebe daquele – e também homenageia, que bom! O próprio Roger Rabbit estava no auge da fama nessa época e aparece dançando num clube, mas essa não é a única referência…

Aliás, que abundância de referências!!! Imagino que eles conheçam o pessoal que faz vídeos mostrando detalhes e easter eggs dos filmes, que devem pausar frame a frame… Meu povo, pra quem gosta de Disney ainda por cima, como estazinha aqui, e como a Disney hoje é dona de metade do mundo do entretenimento (incluindo aí Fox…), haja olhar para perceber e identificar tudo! Por isso, nada mais justo do que este post – mas com certeza vai faltar ainda coisas que não notei (ou não soube o nome), então se você estiver passando por aqui e lembrar de algo, deixe nos comentários que eu quero relembrar!

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(Chip n’ Dale: Rescue Rangers/2022) ***

Historinha: assim como no filme do Roger Rabbit, imaginamos um mundo em que os desenhos convivem com os humanos, e Tico e Teco são atores que tiveram muito sucesso com sua série de detetives algumas décadas atrás, mas muita coisa mudou, e se veem envoltos num mistério para salvar um amigo em comum.

-primeiramente, os dubladores de Tico e Teco daquela época também trabalham aqui, embora nas vozes de outros personagens (se bem que a Geninha era mesmo dublada pela Tress MacNeille e o Corey Burton também fazia o Zipper). Aqui, os esquilos são atores velhos, então ganharam vozes de homem (kkk), dos comediantes Andy Samberg e John Mulaney.

-aliás, o diretor deste longa já teve outros trabalhos com Andy Samberg e estabelece logo de cara o tom de comédia para a produção.

– na vinheta da Disney, o castelo sofre umas transformações de algumas partes, em referência à máquina de transformar os estilos de animação – ah, se fosse fácil assim mudar os estilos das animações, né? kkk

-Teco (ou Dale, em inglês) acaba optando por uma série em que ele estrearia como espião; existiu mesmo uma possível série semelhante, que acabou sendo cancelada (mas não para o personagem do Teco).

-muito divertida a convenção à la Comic Con, mas com a possibilidade de encontrarmos os desenhos – gostei que o Balu é uma estrela (com o reboot em CG e por isso mesmo Teco fez uma cirurgia pra passar de 2D para 3D… não gostei muito, pra ser honesta, tem muita coisa que sou antiquada e prefiro em 2D) e ri muito quando apareceu o Sonic feio! (se bem que a piada repetitiva dos dentes não funcionou tanto pra mim).

-as comidinhas no congelador do Tico! Tem a comida congelada do herói Gelado (ou Frozone), de “Os Incríveis” (2004) ***, e sorvete da Frozen…

-que bela sacada de trama, alguém sequestra desenhos antigos para fazer versões “falsificadas” de animações famosas! Existem tantas dessas por aí que penso existir mesmo um público que consome isso, mas sempre me perguntei por quê, “no, God, no, why? No!”

-quando Tico anda pela calçada da fama, podemos ver estrelas com nomes como Lula Molusco e Chun Li. E o outdoor com o novo filme da Meryl Streep? Uma versão dela homem, assim como Robin Williams fez “Mrs. Doubtfire” (“Uma babá quase perfeita”) e ela fez um filme chamado “Dúvida” (Doubt).

-mas por que um filme Batman x ET? Competem pela lua?

-a recriação da Main Street (referência aos parques da Disney) como uma aparência de fachada! Com negócios escusos por trás, como briga de Muppets!

-“Monterey Jack é o nome de um queijo!” kkk Para o rato que não pode comer queijo…

-os gatos do detestado “Cats” no “Uncanny Valley”! E os “olhos do Expresso Polar”! kkk E olha, filme do mesmo diretor do Roger Rabbit, hein (Robert Zemeckis).

-eu podia jurar que o vilãozão Sweet Pete seria aquele vilão do Mickey (Bafo de Onça, em português, que até tem uma ponta numa das produções falsificadas), mas daí eles quebram nossa perna trazendo um Peter Pan velho! Tá, uma pergunta: desenhos não envelhecem – eles também não morrem… – como que Peter envelheceu? Voz de outro comediante: Will Arnett.

-são espertos em fazer piada com alguns clichês – como Tico querer limpar a privada antes de cair nela; querer que bichinhos fofinhos façam rap; fazer a gente desconfiar da policial;

-o banho do tio Patinhas é em moedinhas, claro!

-ponta do Paul Rudd como se ele fosse fazer um filme como “aunt man”.

-na convenção; o urso da Coca animado com o colega urso; Tico voltando ao look da série após tomar banho de loja do Indiana Jones (é claro que o visual dele é baseado no Indy, Spielberg foi produtor de vários desenhos, inclusive o deles e do Roger Rabbit); quando o capanga viking cai aparece Pumba versão CG, que também tinha a voz do Seth Rogen (aliás, nessa cena ele faz a voz de todos que aparecem).

-se como no universo do Roger a morte de um desenho seria água rás, uma borracha deve servir para tortura mesmo!

-os fogos de artifício formam uma carinha de Mickey! (hidden Mickey)

-engraçada a luta da policial com o chefe, que é feito de massinha

-após transformado, Pete fica com a cara de gato (na série o vilão era o Gatão, Gato Gordo), braço de Detona Ralph, pé de Transformer, calça do Mickey(?) e sei lá mais o quê.

-a piada dos passarinhos! No filme do Roger Rabbit, o coelho ganha pancada na cabeça, mas precisa de estrelas ; aqui os passarinhos são chamados ao trabalho!

-ok, algo meio bizarro foi a Geninha com Zipper (Bzum) e 42 filhos…mas fazer o quê

-créditos finais legais, a voz do Darkwing Duck é do Jim Cummings, que fez aqui e fazia a voz do Gato Gordo. Darkwing é o que resultou do cancelamento de uma série de pato espião, pois os direitos de “double-0” pertenciam a Ian Flemming (criador do 007).

No geral, o filme em si acaba não sendo tão original, assim como eles próprios apontam das tantas produções atuais. Aproveitam-se da nostalgia mesmo, então talvez um público novo nem vá gostar muito (e eu não recomendaria para crianças pequenas, apesar da indicação Livre), mas pra mim foi bem divertido tudo isso!