“You can’t have it all”, a série que eu tava precisando depois de Fleabag

É, meus amigos, eu esperava trazer alguma boa nova por aqui neste mês de abril, mas aconteceu que cá estou novamente para lamuriamentos. É o que mais tem neste blog, sorry, este é meu canto de desabafos mermo.

O mês já está acabando, mas vou continuar mesmo este rascunho iniciado semanas atrás. Foi um mês meio difícil, com algumas semanas chatas. Tenho dormido mal, acordando de madrugada, desanimada. De março para abril me ocupando por demais com planejamentos de uma grande viagem que vamos fazer para o Japão aí para o final de maio/início de junho. E depois, com um resultado de concurso sem resultados pra mim, mais uma vez contestando minha própria capacidade. Meu próprio lugar.

Outro dia eu estava vendo uns vídeos no YouTube e descobri que o que eu sofri quando era criança tem o nome de fobia social. Eu era muito, mas muitíssimo mesmo tímida, não conseguia encarar direito as pessoas, falar o que realmente queria ou sentia, me expressar devidamente. De tempos em tempos esse meu eu volta, e eu tinha achado que após tantos anos trabalhando com recepção e apresentações eu teria “treinado” e aprendido. Aparentemente, bastou uma pandemia e um isolamento de pouquinhos anos não forçado (mas com esparsas interações sociais) para eu voltar à estaca quase zero.

Hoje talvez eu me considere um tipo de introvertida, pois realmente sinto certo cansaço após algumas ocasiões sociais (ou um tempo delas). Eu realmente prefiro a minha própria companhia – não porque eu me ache melhor, de modo algum, tem tantas mentes brilhantes por aí, ou que já passaram por esta humanidade terrena, mas eu simplesmente me sinto mais confortável sozinha. É, hoje em dia pessoal já rotulou muita coisa e sabemos que não estamos tão sozinhos assim em nossa jornada solitária. Live together, die alone.

Da feita que, inadequação. Foi o sentimento que me permeou (mais uma vez) nos últimos tempos. Sei que tenho que trabalhar isso, me joguei aí em um grupo de discussão (pra quê, melDeus, pra que eu faço essas coisas) e falta-me coragem ou timing, ou sei lá. Sinto-me inadequada ao audiovisual nacional, embora, continuo a insistir em tentar e teimar. Porque nesta vida a gente teima. Sinto-me inadequada como a pessoa religiosa que uma vez eu desenvolvera. Inadequada como esposa. Como mãe. E de repente a gente se pergunta se nasceu pra qualquer coisa mesmo. E se foi um acidente?

Dramédias são ótimas nesse sentido. Como “Fleabag”. Com protagonistas bem falhas, rindo da vida dolorosa. E nesse último mês, órfã já dessa série curtinha (e gosto, se pudesse escolher, minhas séries seriam curtinhas), eu conferi muito animadamente “Is it cake?“, temporada 2. Nem sei se cheguei a comentar por aqui quando vi a primeira, um reality em que confeiteiros fazem bolos que se passam por diferentes objetos da vida e se enganarem os jurados passam para a seguinte fase tendo a chance de ganhar uma bolada. É muito divertido e dá uma vontade enorme de provar todos aqueles bolos lindos que demoraram 8h pra ficarem prontos.

Ah, sim, isso é um alívio, mas não era bem essa que eu pensava quando falava em dramédia. Vi também “Wellmania“, poucos episódios também, que se passa na Austrália – adoro sotaques! Com a mulher que precisa cuidar mais da saúde (me identifico!) antes que tenha um piripaque, e ela é toda doidona e acha que tende a estragar tudo, apesar de ser muito extrovertida, a alma da festa. Nessa jornada meio doida pra que ela recupere seu Greencard e volte logo para os EUA, onde um programa de TV que significa muito para sua carreira a espera, o interesse amoroso da Liz é um AA que também pratica o celibato e lhe diz com franqueza: “não se pode ter tudo”. Para a crítica gastronômica que quer aproveitar tudo de comida, bebida, festas e drogas etc. É assim, os autores conseguem trazer algumas situações bem inesperadas, eu me surpreendi muito com o episódio da guru que se desnuda e também de uma “doula da morte”!

Liz já está próxima dos quarenta anos, a melhor amiga também já tem filhos e seus problemas de carreira e resfriamento no casamento. O irmão que a ajuda a ficar em forma está para casar com o parceiro, a mãe já pronta para se aposentar é uma graça. Comecei a ver a série porque queria ver algo para uma faixa etária mais madura, e neste “gênero”, pois são assuntos que me interessam para um projeto que eu estou desenvolvendo. Vejam só estes tempos. Até parece que nós escrevemos mudando conforme os anos passam.

Sinto que até mesmo a percepção dos filmes mudou um pouco. Outro dia eu vi “Indiana Jones e os caçadores da arca perdida” (1981) e me peguei surpresa de como a direção de Spielberg era divertida e “engraçadinha”. Ah, esses anos 80… Claro que ainda gosto de filmes que eu gostava quando tinha meus 20 anos, mas talvez hoje eu encare certas cenas com outras profundidades. Lembro-me de quando estava no Japão pesquisando as primeiras informações sobre roteiros e eu acreditei mesmo que poderia ter escrito minhas aventuras fantásticas aos 13 anos. Claro que sim, só que com a maturidade surgem também outras questões, de outros tipos de filmes e obras.

Quase 30 anos depois, no entanto, ainda estou aqui, perdida. E ultimamente vendo as coisas darem errado depois de tantos, tantos planos. Nem sei o que será de mim se depois de teimar, de novo, tudo der errado. Mas como me foi dito em uma orientação espiritual em uma sessão de meditação, talvez eu tenha só que deixar as coisas acontecerem. Let it be. Que sera, sera. Ou como esses dias eu li em algum lugar, parar de ficar perdendo tempo se preocupando. Ah, esses arautos, se conhecessem a mente de um virginiano…

Bem, não se pode ter tudo. Quem sabe pelo menos alguma coisinha? Alguma pequena luz de felicidade?

Nas próximas semanas devo rever alguns filmes do Estúdio Ghibli, em preparação para visitar o Parque do Ghibli nesta viagem! E talvez os Indiana Jones todos, Aladdin e outros de aventura porque está nos planos um passeio pela Disneysea em Tóquio também. Sim, claro que temos traçados planos para cada dia. E nem quero prever o que não vai dar certo… Espero poder compartilhar um pouco dessa viagem (custosa!) no Instagram e em alguns vídeos no YouTube. Já faz uns 5 anos que não viajo assim e pretendo ver também vários filmes durante os voos, embora eu já não tenha meus 14 anos – ai, ai, será que ainda aguento esse tranco quarentona, e sério, depois dos 40 a gente precisa mesmo se cuidar. Vamos ver. E talvez eu volte aqui lá por junho, pra contar algo mais animador e menos lamuriento, quem sabe?

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