Dia Mundial da Diabetes e “Assassinos da lua das flores”

Pois este ano que eu estava lembrando do dia, 14 de novembro, como estava em viagem acabei nem registrando nada. Alguns dias antes eu tinha pensado em conferir “Continência ao Amor” que está disponível no Netflix, a princípio insuspeitável de se tratar do diabetes, que só descobri ter a ver com o assunto quando uma influencer postou no Instagram uma lista de filmes com a temática. Ainda pretendo conferir, mas eis que sou tomada de surpresa por outro personagem diabético do qual nem suspeitava, no filme do Scorsese.

Deixei pra ver em tela grande numa data especial também, aniversário do meu eterno Leo, e aproveitando que ia estar “de boas”, de “férias” da pequena. Mais de 3 horas e meia de filme tem que ser em ocasiões especiais assim, temos que nos preparar antecipadamente.

Férias essas, a bem da verdade, um tanto quanto cansativas, porque eu peguei a semana para participar de um festival de roteiros em Porto Alegre, e mais sobre isso deve vir num post compilado do que pude ver por lá. Aliás, imagino que vou tirar uma semana em dezembro para “desovar” alguns posts que ficaram por sair para ganharem a luz da world wide web. Por agora, concentro-me no filme que com certeza arrebatará indicações ao Oscar (já me adiantando para futura maratona anual…).

Assim que pisei os pés para fora do aeroporto de Porto Alegre começou a chover, e fui ver na previsão do tempo que aquela semana choveria todos os dias. Acabei indo de uber para o hotel e depois também para o cinema mais próximo onde pude encontrar uma sala em que estivesse passando, seria a do Shopping Moinhos, lugar muito chique que me pareceu ter sido construído consonante ao público do hotel Hilton grudado, com uma série de homens de preto na porta (depois me perguntei se estavam à espera de algum convidado importante?). Eu tinha um guarda-chuva, fui na farmácia comprar um resfenol, fui em um mercadinho próximo comprar água, passei no café e acabei com uma mini ciabatta com rúcula no recheio e um chá gelado tropical sem açúcar. Sim, comprei pipoca, para me “alimentar” durante esse tempo de tela, embora eu tenha sempre que relembrar meu próprio tamanho: uma pipoca grande é um pouco demais pra mim mesmo, depois fiquei comendo essa pipoca em outras madrugadas.

Pois é, tenho diabetes, mas a essa pipoca eu não resisti. Sempre levo pelo menos um chocolatinho pras sessões (adoro aquelas barrinhas fininhas de Kinder!), não gosto de fazer muito barulho comendo no cinema, mas sabia que ia ficar mais de quatro horas sem nada se não fosse pelas indulgências. E no transcorrer, fiquei imaginando como deveria ser complicado na época, existia muito menos conhecimento sobre a doença do que há hoje em dia. Acertado quando Ernest aponta para o doutor alguma comida que a esposa não falou, quantas vezes nós diabéticos não somos apontados por outros sobre alimentos que não deveríamos ingerir? Muitas vezes a intenção da pessoa é boa (mas que é um saco, é). A bem da verdade, sempre imaginava que antigamente as pessoas nem eram diagnosticadas – ainda hoje acredito que há muita gente por aí que tem a condição e nem desconfia, pois não há sinais debilitantes tão gritantes, pelo menos não por um bom tempo. Daí me surpreendi que Mollie já sabe que tem, os médicos lhe arranjam a recém-criada insulina (e realmente na época advinda de animais, hoje já é fabricada sinteticamente).

Ou seja, sim, aprovo o realismo desse retrato, talvez isso se dê porque os personagens são baseados em pessoas reais, assim como o caso dos assassinatos do povo Osage, o grande tema do filme. É ótimo que ao dar contexto à condição de “novos ricos” da região, Scorsese tenha optado por além de um didatismo convencional no início e trazido a efusão com o petróleo numa câmera lenta e bela fotografia.

Por vários momentos é claro que se beneficiam da localização e as paisagens, e a construção dos cenários, os figurinos especiais para os Osage contribuem imensamente para sentirmos essa época, vide a reconstituição de uma cerimônia de casamento. É muito especial a cena da morte de uma senhora, nos deixando vivenciar um pouco da espiritualidade desse povo, presenciando o respeito que a obra procura trazer por suas tradições e própria existência.

Fiquei sabendo que mesmo depois de já ter trabalhado na história por alguns anos, decidiram mudar o foco do detetive (nesta versão vivido por Jesse Plemmons, adequadamente nos fazendo sentir que quer ajudar, mas calmamente inquisidor), para o do personagem ambíguo do Ernest (Leo DiCaprio), que é meio estúpido, em certos pontos até vulnerável, mas sabe que é melhor aproveitar o apadrinhamento do tio William Hale (Robert De Niro), um lobo na pele de cordeiro, fazendeiro rico ardiloso que se finge amigo, mas é quem realmente está por trás dos crimes cometidos contra o povo indígena.

A tensão crescente só poderia dar certo com um diretor do calibre de Scorsese – um dos últimos mestres do cinema ainda vivos, não? A esta altura do campeonato, nem tem como produzir algo ruim, ele sabe o que quer com suas cenas, o que e como tirar de seus atores, entende muito bem de conflitos em cena. De modo que, apesar da longa duração, é pouco sentida uma “enrolação” na trama, tudo vai degringolando para complicações com Ernest se envolvendo em golpes cada vez mais hediondos, até se dar conta da gravidade num intenso momento após a explosão de uma casa.

Como todos os atores são muito bons, não há muitos momentos desperdiçados, seja em embates de olhar, do clima criado também pelo ambiente (e o que é aquela gente toda naquela sala escura quando Ernest sai da prisão?), até por silêncios. Adoro a cena em que Mollie diz para Ernest simplesmente parar e ouvir a tempestade; e, claro, ao final, quando ele já tinha confessado tanta coisa, ela lhe pergunta se foi apenas insulina.

No fundo, no fundo, eu esperava que ele fosse completamente honesto, porque de algum modo sentimos um certo tipo de “amor” ali, mas ela já nunca mais poderia confiar nele. E Scorsese não precisa explicar, embora ele dê seu aparecer bem lá no final de tudo mesmo, alterando abruptamente o tom meio de “bordão” teatral, para que as audiências modernas compreendam que apesar de ele próprio ser um realizador branco, existe sim o registro, a empatia e o respeito, devidos para este e tantos outros povos na história injustiçados.

Claro que o baixinho não deve enviar uma indígena em seu lugar, à la Marlon Brando, mas desde já torço no Oscar pela Lily Gladstone, que sisuda, contida, firme, é uma joia que só acrescenta ao brilhante todo.

Os últimos (e primeiros) três meses

Eu acabei largando isto aqui às traças virtuais, mas na verdade, desta vez, eu tenho bons motivos!

Em junho eu descobri… que estou grávida!!!

Desde então minha vida deu uma reviravolta e se eu já andava ocupada, sem tempo de sobra pra escrever, aí é que ficou ainda mais complicado – tá vendo só, não é a habitual procrastinação, nem as reclamações rabugentas sobre a vida que virginianos costumam fazer.

De qualquer modo, apesar de ter repensado este blog para escrever mais sobre filmes ou séries, já deixo avisado que este post é bem pessoal, mas fazer o quê, se nossa relação (quer dizer, pelo menos a minha) com qualquer obra também tem uma influência muito do pessoal. Afinal, quantas vezes um filme não acaba “falando” de forma diferente com a gente, dependendo do que estamos vivendo naquele momento? Pelo menos no meu caso em particular o cinema sempre – ou quase sempre – conversa comigo como se fosse uma mensagem especial do universo/tempo/espaço única para mim, para aquele momento.

Dizem que os três primeiros meses é de maior risco de aborto, então esperamos algum tempo para começar a contar para as pessoas.

Comecei a passar mal, fiz umas contas e fiquei desconfiada, fiz o teste de farmácia, procurei uma obstetra aleatoriamente pela internet, fiz um primeiro ultrassom que já deu pra ouvir o batimento do coração do bebê (não imaginava que dava, tão cedo assim!), e como tenho diabetes é uma gravidez de risco, então começou uma bateria de exames e tive que ir em vários médicos nas semanas seguintes.

Claro que ainda continuei indo ao serviço, mas foi realmente uma maratona! Com enjoos mesmo tomando remédio pra enjoo, e muito, muito sono, eu praticamente só ia ao serviço, voltava pra casa e dormia.

E assim foram passando as semanas, antes eu só media a glicemia em jejum ao acordar, passei a ter que medir umas cinco vezes por dia (muitas vezes sem sucesso); eu tomava uma dose baixa de insulina e passei a ter que tomar bem mais, duas vezes por dia, fora o outro tipo de insulina, não de longa duração, mas a regular/rápida; indagações frustradas de como poderia me alimentar melhor pra manter os níveis de açúcar no sangue bons – desafio quase que causa perdida, considerando esta minha rotina de vida nada rotineira…

Nessas, eu acabei vendo “O bebê de Bridget Jones” (2016)**, que tava ali de bobeira no Netflix, só pelo momento que eu vivia em si, não tanto por essa franquia que eu já considerava falida antes mesmo do carisma da Renée Zellweger falir com o passar das plásticas /dos anos. Sem o Hugh Grant, acharam um outro carinha das comédias românticas como filler, o Patrick Dempsey, e apesar de ter graça a cara da Emma Thompson como obstetra indiferente, a trama é uma bobagem (camisinhas veganas?) e a gente sempre soube de quem seria o filho de Bridget, não é?

Pensando bem, do ano passado pra cá até que andei vendo vários filmes sobre “mamães”. O Maior Amor do Mundo (2016) **, que junta vários nomes famosos, como é costume do Garry Marshall, não é tão emocionante; tem um outro título parecido, que mistura vários casos de grávida, O que esperar quando você está esperando (2012) ** tem uns momentos até mais engraçados – nunca vou esquecer daquela mulher que queria muito engravidar e a realidade detona com ela, não é nada daquela sensação de sonho que ela imaginava… uma grávida do cinema que sempre vou lembrar também é Juno (2007)*** e essa sim dá mais gosto de ver, gravidinha mais cool. E quem se lembra de Junior (1994) **?! É, aquele do Arnold Shwarzenegger grávido com o Danny DeVito… quanto impropério o cinema consegue produzir… falando em comédias, eu não cheguei a ver Perfeita é a mãe! (2016) com mamães que vão pra farra, mas quem sabe no futuro eu dê uma chance…

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Bem, nesses meses que passaram eu pude conferir uma série que até me surpreendeu (eu não achei que ia gostar, sinceramente), The Boys, Primevideo. São um bando de heróis que na verdade são muito falhos nos bastidores, algo meio sinistro, uma heroína novata que ainda é inocente, um carinha nerd cuja noiva morre e ele se junta a um brutão que também quer vingança e acabar com esses seres aparentemente melhores que o resto de nós mortais… sim, tem personagens que colidem e não são desinteressantes nessas relações, tem misteriozinho sobre a origem dos herois e um passado, tem direito a crítica política, social, comercial, religiosa… apenas 8 episódios da primeira temporada, deu pra ver tudo em 3 noites, vai lá conferir se ainda não foi. Eu só não gosto muito do lado gore, aquele sangue jorrando na nossa cara, mas um dos criadores também é de Supernatural (também não sei se isso diz alguma coisa?)

Eu também vi rapidinho em algumas noites (esta é a minha nova moda, nada de séries infinitas!) Switched, de adolescentes e japonesa, sobre troca de corpos – quem não já viu esse filme? A garota gordinha e isolada da escola troca com a mais bonitinha e popular da sala… parece previsível? Mas também tem o lado obscuro dessa troca, e a gente fica contente com a amizade verdadeira, com a gordinha ficando mais simpática e em tempos de bullying, entender como se chegar a um limite de nem ver graça em viver para também amolecer com a mãe que parecia tão “madrasta má”…

Vi mais uma temporada de Bojack Horseman, mas esse ganha post só dele, né, gentem. E Master Chefe (ah, eu gostava muito da Lorena, o Helton surpreendia no começo, mas ainda tem aquele ar arrogante de jovem, né, vamu admitir? E eu achei que desta vez estavam bem profissionais na final!). Por influência, até arrisquei outra série de culinária, Todos contra o chefe (é gostoso ver os participantes que representam suas origens e o desespero do chefe observando seus aprendizes, mas tem sempre um episódio que é só propaganda do restaurante e os participantes só ganham um troféu…?)

Ai, é… teve também o final de Game of Thrones nesse hiato, né? Mas tanta gente já deu seus pitacos, cada um reescreveu o final como achava melhor – ei, com alguns eu até concordei mesmo – e a gente não precisa mais escrever sobre isso, né não?

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Deixa ver… no cinema, é claro que fui lá conferir Aladdin (2019) ***, que era um dos meus favoritos quando criança, eu adorava a vontade da Jasmine de sair e conhecer o mundo. Claro que alguns elementos das animações Disney dessa leva já estão datados, então concordo com alguma atualização, e confesso que me surpreendi, porque jurava que seria uó o Will Smith como gênio da lâmpada, mas não é que ficou legal? Agrabah ficou muito mais colorida nesse desenho de produção, vistosa; e os atores estão bem, o Sultão menos bobão e a Jasmine, linda, como todos imaginariam uma princesa. Mas posso falar? Pelo menos pra mim, achei bem forçada essa questão da Jasmine, só porque agora tá na moda o girl power, empoderamento feminino e tal. Tudo bem, a princesa não precisa ser salva por um príncipe (Jasmine na verdade nunca precisou, nem no desenho, e era isso que eu gostava nela e também na Bela); mas que achei forçação de barra, achei.

E como boa simpatizante Disney que sou, não podia deixar de falar um pouquinho de O Rei Leão (2019) ***, é claro, né… Lembro que quando vi Mogli, o menino lobo (2016) *** eu falei, “puxa, eles podiam chamar esse diretor pra fazer a versão em live action de O Rei Leão”… e não é que de vez em quando eu consigo prever essas mentalidades hollywoodianas? A transposição da versão animada desses personagens animais ficou ótima, a África está perfeita – e claro, como não podia deixar de ser, bem mais realista. Se o visual enche os nossos olhos, e as atualizações aqui também estão valendo (coisas dos anos 90 que já nem funcionavam bem na época, imagina agora), por alguma razão, este aqui não me emocionou tanto? Eu me lembro de ter me acabado em lágrimas com a morte do pai do Simba no desenho (ei! eu já falei que este blog não acredita em spoilers. E 25 anos depois? Pelamor).

Já nas telinhas… Andei vendo umas coisas só porque o Keanu Reeves anda na moda, como o crush da internet – hahaha! E até parece que algum dia ele deixou de ser? Nem precisava de John Wick, a gente sempre gostou do cara, achando ou não que ele não sabe atuar, se simpatizando ou não com o “sad Keanu”, querendo ou não um novo “Bill & Ted”…

Só pra mencionar, dei uma espiada, também porque estava ali no Netflix por acaso (eu sou daquelas que passa mais tempo adicionando títulos na lista do que vendo coisas), A escalada (2017)**, francês, baseado num caso real em que o rapaz sem muita experiência decide escalar o Everest e impressionar uma garota, e vai relatando para uma rádio, e ganha a torcida de um monte de gente pra que ele chegue até o final. Eu gostei porque a gente realmente vê como é escalar o monte, sem as firulas de suspense ou ação, gostei do coadjuvante carismático que quer ouvir o romance até o final.

Na verdade, ter as adaptações da Disney no cinema me fizeram ir conferir de novo Mulan (1998)***, que me pareceu até melhor do que eu lembrava – o dragão do Eddie Murphy nem me incomodou tanto. É legal a sequência de treinamentos e também no castelo do imperador. Quem sabe de repente eu pegue Pocahontas (1995) pra rever um dia desses. E quem falou que eu não me diverti com a cena das princesas em Wi-fi Ralph (2018)***? É claro que dou risada com as alfinetadas, mas poxa, isso é porque eu cresci vendo essas animações e vi o mundo mudar… fico imaginando o que meus filhos vão ver? Bem, sempre teremos a Pixar pra nos salvar, eu acho.

Ai, é. Eu fui sim, não podia deixar de ir conferir o mais novo do Tarantino & Leo DiCaprio (com bônus do Brad Pitt cinquentão e ainda sarado – xenti! como consegue?). Mas esse também acho que merece um post especial.

Por enquanto, vou continuar pesquisando na internet a cada semana de gestação o que devo tomar cuidado, e me preparando… eu nunca achei que ia ter filhos porque sempre pensei que “eu nem sei cuidar de mim, imagina educar um outro ser humano?”; sem falar que eu pensava que o mundo já tem 7 bilhões de pessoas, não precisa mais, né… mas acabou sendo incluído esse ato neste roteiro da minha vidinha, e o que eu posso fazer? Vou colocar Ennio Morricone pro baby ouvir na barriguinha.

 

 

 

Retrospectivas, casamentos e mais do que os filmes

Ontem, dia 03 de junho, fizemos um ano de casados! E nos últimos meses teve Retrospectiva do Casamento por este blog aqui, pra quem não pôde estar lá seja qual tenha sido o motivo (e olha que foi como uma trilogia, então você não deve ter visto ou São Paulo, ou Belém, ou NY…), confere lá. Nos últimos dias, inclusive, fizemos uma pequena viagem pro Rio Grande do Norte e pretendemos postar em breve.

Nesse meio tempo em que o blog esteve fora do ar (xenti, dois meses, é tanta coisa que nem sei por onde começar) teve também o casamento do príncipe Harry e da Meghan Markle, lindão, claro… e a gente só comenta aqui porque eu nem sabia que ela era atriz antes de saber do casamento… E eu confesso que eu escolhi no Netflix ver “À beira mar” só porque foi o último com o Brad Pitt e a Angelina Jolie antes de se separarem – e dirigido por ela, e fala de um casal em crise… hmmm

E vi aquele filme em que a Jennifer Aniston quer ser mãe e o eterno Michael de “Arrested Development” (Jason Bates) tem quedinha por ela, e depois ela como mãe naquele filme sobre o Dia das Mães e… é, eu acabo achando que a vida e a arte se confundem e ela não podia ter, então o Brad foi lá e teve um monte com a Angelina, e confesso que nunca torci pra esse casal porque achei ela uma bitch (desculpa aê, sei que é aniversário dela e tal) e todo o embrolho terrível, enfim, quem sou eu, mas acabei vendo esses filmes bem ruinzinhos. E confesso que depois que a Jennifer se separou, fiquei torcendo para voltarem.

Vamos falar de algo bom, um dos destaques do mês de abril foi “Um lugar silencioso” (2018)***. Que filme mais bem aproveitadinho, hein, quem diria que o John Krasinski, eterno Jim do “The Office”, teria uma mão tão boa. E ainda ao lado da esposa, Emily Blunt, pegou um bom gancho com a menina surda e a esposa grávida, que gera complicações arriscadas no cenário estabelecido de aliens que matam pelo som… vários detalhes que somam e alguns momentos de perder o fôlego, valeu o ingresso.

 

Porém, meu grande destaque de abril foi “Ready Player 1” (2018)***! Com certeza! Mais do que “Vingadores: Guerra infinita” (2018) ***? Pff… óbvio, tu não me conheces. Tudo bem, este último filme foi muito esperado pelos fãs, até que conseguiram aproveitar legal tantos supers juntos, e Thanos foi mais interessante do que eu esperava: grandes sacrifícios para salvar a humanidade? Hmm, é meio que um anti-herói, ou não?

E já que estamos falando de super-heróis, eu fui sim conferir “Deadpool 2” (2018)***, que também foi melhor do que eu esperava? Mais do que boca suja e piadinhas, e uma nova integrante com o melhor super poder: a sorte! hahaha Esse poder fez a gente ficar de olhos grudadinhos na tela acompanhando tudo, numa ótima sequência de ação.

Mas o do Spielberg… como os leitores sabem, sempre preferirei o meu padrinho imaginário. Não dava nada pelo trailer, mas passar por essa aventura nostálgica dos anos 80 foi gostoso demais, incluindo a trilha sonora, o T-rex do diretor que é pai dos Parques dos Dinossauros; amigo do Kubrick, com o desafio importante do “Iluminado” (1980) ****, que não estava no livro; direito a ótima trilha sonora e mais uma agradável caracterização do Mark Rylance; Delorian, cubo do Zemeckis (outro amigo); o Gigante de Ferro!, Godzilla e muito mais. Que “Stranger Things” que nada, isto aqui sim é anos 80/90 na veia. Até quis ter feito um post só de coisinhas divertidas a notar, mas não rolou.

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Não rolou porque eu passei quase dois meses doente. Pois é, pois é. Tive piriri, achei que tinha melhorado, gripe, hormônios descontrolados (e sangrar três vezes no mês é demais pra mim; assim como um período prolongado de 10 dias), imunidade baixa, foi triste. Na verdade, tivemos muitas coisas tristes, Nelson Pereira dos Santos (que me lembrou de como eu fiquei embasbacada na época da faculdade, quando descobri que dava para ver filmes inteiros pelo YouTube!), outros jornalistas, incêndio, greve dos caminhoneiros. Mas a gente acaba se concentrando nos nossos próprios problemas, não é verdade?

E o que isso tem a ver com o budismo? A essência geral dos ensinamentos budistas que sigo é buscar sempre a felicidade do próximo. Chega ao ponto de querermos tanto que a outra pessoa seja feliz que esquecemos das nossas próprias infelicidades. Além disso, as adversidades nos fortalecem e podemos sentir felicidade mesmo quando nos deparamos com as dificuldades, porque tudo é motivo para agradecer.

Pois, admito, é mais fácil na teoria do que na prática. Junto com a doença “física” eu me peguei indagando se esses sintomas eram erupções de um interior que não aguenta mais e está para explodir. Porque quando a alma não está sã, o corpo também dá sinais. Há muito sinto-me cansada. Fiz retrospectivas pessoais, do que eu já vivi e dos sonhos que outrora tive. Acredito que luto contra uma leve depressão, que volta de tempos em tempos. Passar meses sem vontade de sair ou sem fazer as coisas com prazer não é lá muito normal.

Embora eu quisesse ser o exemplo perfeito e servir de inspiração, esta é a verdade: eu preciso lutar, todos os dias. Para ir trabalhar. Para buscar contentamento. Para encontrar algo que me dê esperanças de uma vida verdadeiramente feliz. Sei que não existe uma solução fácil. Eu queria poder me conformar, ou desistir de tudo. Mas eu luto. Procuro por pequenas saídas que sejam, pequenos respiros.

Um deles é escrever. Nem que seja aqui, no blog – e agradeço a todos que visitam, porque mesmo eu achando que ninguém lê, acaba me estimulando ver os números de visitantes. Outro é o cinema. Ainda dentro dos ensinamentos budistas, dizem que há alguns sofrimentos típicos pelos quais os seres humanos podem passar, como o de se separar de entes queridos, de não ficar com a pessoa que ama, de não conseguir realizar o que se quer na vida. Há alguns anos eu desisti de fazer cinema e venho entendendo cada vez menos do universo da sétima arte. Desapegando disso, fiquei à deriva pensando o que eu poderia querer mais do que os filmes. Claro que eu ainda gosto deles e continuamos escrevendo. E, na verdade, algo que sempre quis com os filmes era passar mensagens boas e inspirar as pessoas.

Um dia talvez eu tenha uma resposta melhor para este momento que estou vivendo.

Agora, preciso me focar na saúde. Nunca tive um mês tão ruim na diabetes, desde que passei a medir regularmente e tentar um controle. As glicemias em jejum sempre acima de 200. Daí, encontrei um livro sobre saúde pelos alimentos e de forma natural. E inclusive ele fala sobre evitar a depressão suicida com o poder dos alimentos, vejam só. Claro, eu devo procurar a prática de exercícios físicos também. Sobre esse novo desafio, contarei no outro blog.

Eu tinha algumas metas a cumprir até o final de maio que foram cumpridas, para que eu pudesse me renovar. Ainda não sei bem como ter mais gratidão e me sentir mais feliz e contente. Mas estamos na luta. Um passo de cada vez.

 

Divagações de setembro: a tão temida insulina e muito antes da Charlize Theron veio a Mônica

Primavera chegando e só pra não deixar passar mais de um mês sem escrever, aqui, um post de divagações.

1.o último filme realmente gostoso de assistir que fui conferir no cinema foi “Em ritmo de fuga” (Baby Driver / 2017)***, do bendito Edgar Wright. Ainda bem que teve Edgar Wright este ano pra me dar um pouco de ânimo. Noto que nos últimos tempos tenho ido bem menos ao cinema, mas ver um filme desses dá “um gás”. Pra mim seu auge ainda continua sendo Scott Pilgrim, mas os atores que fazem os personagens fazem a gente querer acompanhar esta aventura, o trabalho de efeitos sonoros e mixagem de som mostra como o cara valoriza montagem (hello, sincronia de tiros), cantarolei Easy na manhã seguinte, que expressou tão bem a sensação do Baby naquele momento, até os inserts com aura de sonho da namorada esperando perto do carro valeram.

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2.pessoal reclamou de “A torre negra” (The dark tower/2017)**, coitado do Stephen King, sete livros em um filme só. (Coitado nada, olha só quantas produções surgem com base nos livros dele!) Mas até que não foi tãooo ruim, assim, foi? Matthew McConaughey faz aquele tipo de personagem de olhos fechados, verdade, mas até que o filme foi legalzinho, xenti. Bons efeitos especiais, ação padrão, menino prodígio OK, e o homem de preto mata a médium tão logo cumprido o propósito dela, reclamando de quê?

3.eu queria muito conseguir estudar japonês. A sério. Faz uns 20 anos. Daí, to tentando pelo menos ver alguma coisa no idioma, né, já que ainda não consegui parar pra sentar e treinar kanjis. O último animê que ando vendo é o “Shokugeki no soma” (Food wars?/2015)***, que é bastante divertido! Eu não queria ver a princípio, porque em um dos primeiros episódios parecia muito pornográfico pro meu gosto (toda vez que alguém é tomado pelo sabor maravilhoso de alguma comida, fica pelado e agarrado pelos alimentos… o.O) Mas tirando esses momentos, é legal ver como o personagem principal do Yukihira vai encarando os desafios de aprender e criar pratos dos mais diversos. Se bem que de vez em quando dá uma fominha, realmente dá vontade de comer aqueles pratos! Vamos sendo apresentados por personagens inusitados e o pessoal que criou esta produção realmente fez uma super pesquisa, tem muita coisa ali que a gente nem imagina que existe. Pra quem curte animes, ainda tem o adendo de referências a outras produções famosas (caracterizando cenas de lutas, por exemplo).

4. faz alguns anos que povo anda falando do empoderamento da mulher, inclusive da força da mulher no cinema – e este foi um dos pontos positivos apontados por muitos em “Mulher Maravilha” (Wonder woman/2017)***. Honestamente, acho que o maior mérito da produção foi ter encontrado a mulher certa pro papel (Gal Gadot tem todos os atributos que fazem da personagem adorável). Mas vocês já pararam pra pensar… bem, foi algo que eu pensei, que muito antes de Charlize Theron – nem tanto por Aeon Flux (2005)**, Hancock (2008)**, Atômica (2017), mais por Mad Max: fury road (2015)****, que foi o ápice – uma personagem feminina que realmente “kicked ass” foi a Mônica?! Sim, aquela dos quadrinhos para crianças do Maurício de Souza. Mais do que a própria Hit-girl em Kick-ass (2010)! Sim. Porque ela não precisava ser gostosona, bonitona, ou mesmo “uma gracinha”. A câmera não precisava explorar seus atributos como fez com a Arlequina, em Esquadrão Suicida (2016)*. Ela era dentuça, baixinha, gorducha. Mas kicked ass. Mesmo sendo mulher, e daí. Pronto, falei. Maurício sempre no coração.

5.sim, algum dia, neste blog, existirá um post sobre Game of Thrones, sexta temporada. (mas… ai, que preguiça)

6.e pra terminar este post que tem um pouco de tudo, assim como este blog-balaio-de-gatos, vamos só falar um pouquinho da diabetes. No final de agosto eu voltei na médica, que me indicou o uso da insulina. Desde que eu era criança, sempre ouvi meu avô (que ajudou a cuidar da minha vó até ela falecer, exatamente por complicações da doença), que dizia pra evitar ao máximo entrar na insulina. Minha mãe já toma há algum tempo, meu irmão ainda toma apenas remédios, e a médica disse que provavelmente meu tipo de diabetes é mesmo o MODY, mas os níveis de glicemia estão muito altos. Apesar de o meu pâncreas ainda produzir um pouco de insulina, ela quer que eu baixe bem os níveis e a glicemia glicada (que praticamente indica a média dos últimos dois ou três meses de açúcar no sangue). Um dos temores do uso da insulina é os altos e baixos que vejo minha mãe sofrer, ela acordar de madrugada porque baixou demais, ter que ficar calculando a dose conforme o que comeu ou vai comer. Mas daí a médica me passou esse “novo” tipo de insulina que é a Tresiba. É uma caneta, menos dolorida do que as injeções com seringa, e o efeito de ultra duração, 24h. Ou seja, não há picos do efeito dessa insulina.

 

Se houver alguém por aí que chegou a ler este texto, o que você acha? Concorda com a médica? Nos últimos meses eu tenho lido bastante sobre a diabetes na internet, e fico com medo de que eu só esteja antecipando a dependência à insulina, quando na verdade, eu poderia prolongar por um período maior a resposta natural do meu próprio corpo. É lógico, eu sei que tenho que fazer dieta. E vocês lembram daquela história do Dr Rocha? Existe um blog que achei que o cara fala exatamente as mesmas indicações que o doutor, dá uma olhada: sobre dieta cetogênica. É praticamente o programa do Dr Rocha condensado.

Realmente talvez essa dieta funcione, e eu vi outro documentário sobre vegetarianismo. E daí não sei se realmente comer carne à vontade é a melhor coisa, observando os meus próprios dados (tenho medido o nível de açúcar no sangue toda manhã em jejum e marcado tudo o que como). Talvez o melhor seja combinar a ingestão de carboidratos de baixo índice glicêmico e as boas gorduras, peixes, oleaginosas, ovos, canela, folhas verdes. Esses foram alguns alimentos que, pesquisando, são unanimidade para quase todo mundo. Até o Lair Ribeiro fala do ovo e da canela. São os alimentos que todo mundo indica que é bom no controle da diabetes. Inclusive, li sobre a resistência à insulina e me deparei com este artigo sobre aumentar a sensibilidade à insulina.

Na verdade, eu ando bastante preocupada com a Tresiba, porque venho aumentando a dose, mas não parece que está fazendo efeito. Os níveis de glicose continuam como aqueles de quando eu não tomava remédio algum. E daí fico pensando que, se eu realmente conseguir fazer uma boa dieta e incluir exercícios físicos na rotina, eu não consigo evitar a insulina pelo menos por mais algum tempo?

A parte dos exercícios também não é fácil pra mim, sou uma pessoa muito preguiçosa, que prefere ficar quietinha em casa, vendo filminho… Mas este é o meu desafio atual. Tenho tentado ler bastante e me informar, analisar meu próprio caso (porque me parece que diabetes é um pouco diferente para cada um). Porém, vou te contar, tá difícil baixar, viu. Ainda não consegui chegar abaixo dos 150 pela manhã. E pizza e massas, que eu gosto tanto, é o que sobe mais! É isso aí, continuamos na luta.

Flores de aço e outras incongruências da diabetes

Hoje foi um dia chato. Ruim. NUNCA, NUNCA, NUNCA façam um cartão da C&A! Estou num perrengue porque sei lá o que fizeram com meu cartão, eu já tinha registrado débito não reconhecido e agora estão vindo me cobrar uma dívida de 8 anos atrás! Pra dizer a verdade, eu não sei como vou resolver isso ainda, mas que dor de cabeça.

Outra coisa chata foi conferir os resultados de exames de sangue. Os resultados foram praticamente os mesmos de quando fiz no final do ano passado, quando deixei de tomar todos os remédios, mas tentei fazer dieta – e fiquei revoltada na época, porque eram melhores do que os anteriores desses, mas o médico simplesmente receitou todos os mesmos remédios de novo.

Desta vez, tudo bem, em maio e junho eu não fiz dieta nenhuma e nem tomei remédios, confesso que esbanjei, extrapolei. Mas daí, nas últimas semanas tenho caminhado, tentado cuidar mais da alimentação, tomado os remédios. Honestamente, não sei direito o que pensar. Acho que vou numa médica nova (aproveitar que vai mudar o plano de saúde) e fingir que quero começar a tratar a diabetes, que sei que tenho, mas nunca cuidei. Pronto. Mais fácil.

De todo coração, às vezes eu não entendo a glicemia. E existem algumas incongruências. Fui comprar lancetas e tiras para medir a glicemia na ponta do dedo, 25 lancetas e 50 tiras deu 125 reais. Já li por aí que o melhor seria medir em jejum, após o café, antes do almoço, depois do almoço, antes da janta, depois da janta… seria no mínimo 6 lancetas e 6 tiras por dia! Pra ser diabético tem que ser rico, é?

Incongruências… num dia em que comi rap10 integral com queijo e presunto no café, almocei salmão, salada e risoto de camarão, à tarde tava 180. Num dia que fui na festa julina, comi espeto de carne, arroz, salgadinhos, doces, fui medir à noite tava 110. E no dia que almocei hot-dog, jantei frango do KFC com pão de gorgonzola, e ainda comi pipoca e refrigerante à noite, pela manhã foi 129? Meu medidor tá louco ou quando a gente fica feliz a glicose queima e abaixa?

Vamos falar só um pouquinho de outra incongruência. Eu me lembro de ter indagado por aqui sobre personagens de filmes que tivessem diabetes e esses dias eu vi um filme até bem comentado sobre isso: Flores de Aço (Steel Magnolias/ 1989)***. Ele traz um grupo de mulheres sulistas interpretadas pelas ótimas Sally Field, Shirley MacLaine, Olympia Dukakis, Dolly Parton, Daryl Hannah e uma jovem Julia Roberts em início de carreira. Elas trocam conversas num pequeno salão de beleza e o filme começa com o dia do casamento da Shelby (Julia Roberts), que tem diabetes.

1989-steelmagnolias-girls

Fiquei chocada com a crise de hipoglicemia da mulher, pelamordeDeus! Ela começa a ter meio que convulsões, parece até uma crise epiléptica, que sai de si e não quer suco… é terrível e, na minha opinião, exagerado. Ou talvez seja assim e eu que tive a sorte de nunca ter uma crise dessas! Quer dizer, talvez também se deva ao ano em que esse filme foi feito, final dos anos 80 a diabetes não era uma doença tão conhecida assim – o que hoje estão chamando de epidemia.

Então, talvez por causa da época também aquele medo enorme da mãe que ela tivesse filhos e por causa da gravidez, o problema nos rins, e o braço da diálise, que terrível. Hoje em dia nós vemos que o assunto é discutido por muito mais pessoas, acredito que a consciência da doença esteja cada vez maior, e na internet mesmo podemos ler relatos de casos bem sucedidos de gravidez mesmo com a mãe diabética.

Não que o filme em si seja ruim, tem umas tiradas bem divertidas (incluindo Shirley MacLaine perfeita como a velha chata do interior e aqueles penteados gigantes da época); acho que o que mais importa é a relação de amizade entre aquelas mulheres, que veem juntas as mudanças e os ciclos da vida. Impossível não chorar com a extravasão da mãe vivida por Sally Field também, brava com Deus e o mundo. Aliás, a peça que dá base ao filme foi inspirada numa história real, do autor que perdeu uma irmã que também sofria com a diabetes.

É, não é um retrato atual da doença, mas dá pra rir e chorar, e bem que eu me identifiquei com a louca da Ouiser alegando que quanto mais bobagem ingerir melhor, porque menos tempo vai durar o corpo aqui (depois ela fica com remorso por ter dito isso na frente da Shelby). Mas eu já me peguei pensando isso, por que se privar tanto da vida?, todo mundo tem sua hora e eu mesma não tenho interesse em estender minha estada por aqui, quanto antes passar desta pra melhor…

…e quem disse que vai ser melhor, né? Dizem que estamos neste mundo para aprender e evoluir. Quem sabe eu não tenha que enfrentar esta doença pra aprender algo? Entender as pessoas que sofrem de privações diversas. Aprender a prestar um pouco mais de atenção em mim, cuidar de mim, ver o que realmente me faz feliz – e, por consequência, poder trazer mais felicidade ao ambiente ao redor. Aprender a apreciar outras coisas simples, e a dizer não. Aprender a escolher o que é melhor, apesar de ser sofrido. Quem sabe?

Eu queria mesmo é falar de American Gods (mas este cansaço é diabetes? Por que o metrô de John Wick 2 é tão bonito? O último episódio de Master Chefe foi pra tirar a Yuko!)

Dois meses sem postar nada e… na verdade, não é que a gente não tenha assunto, é que acabei mais uma maratona e estou naquele momento de não saber o que fazer. Eu, que faço maratona pro Oscar, e maratonas de séries, como seria diferente? – teve a maratona do casamento. 2 meses pra pensar, organizar, preparar, decidir, realizar tudo… foi o civil e uma tarde festiva em São Paulo, o religioso em Nova York, bênção católica e almoço em Belém…

E agora que estou de volta, eu deveria estar super animada para uma nova fase de vida, querendo fazer várias coisas, certo? Só que… não. Eu não sei o que acontece comigo, mas sinto-me exausta, sem vontade de fazer coisa alguma, quero nada. Não tenho disposição para trabalhar, sinto que tenho passado os últimos dias inutilmente, hoje fui ver meu contrato de Fies, se eu tivesse continuado a faculdade, estaria no último ano… mas o que é que eu quero mesmo da vida? Eu já não sei mais.

É tão difícil isso, você passa a vida inteira acreditando que existe um sentido para sua existência, um grande sonho que é sua realização, que é sua missão na Terra. Porém, nada aconteceu, você vira um desses personagens de filmes indies americanos, meio losers, meio perdidos e… e aí?

Talvez isso seja mal do século, percebo ser um tema que vem se tornando recorrente. Outro dia vi “Encalhados” (Laggies/2017), que é mais sobre essa personagem da Keira Knightley que já tem certa idade, não tanto sobre estar encalhado no amor. Ela não tem um propósito e não se encaixa na estabilidade madura das outras de sua idade… E, envergonho-me em dizer, muitas vezes tenho essa vontade de só me deixar fazer qualquer coisa da vida, qualquer emprego que a sociedade vê como “medíocre”, mas o que é que tem? Mesmo as pequenas funções precisam ser cumpridas por alguém, nesta grande máquina do mundo.

Por que existe uma supervalorização da funcionalidade? Não era pra ser assim, progrediríamos na tecnologia pra trabalharmos menos, só o que vejo é mais pressão e pessoas cobrando coisas, você tem que cumprir um status social – o que a gente quer mais não é ter tempo pra fazer o que gosta, pra descansar e ter boa saúde, pra dar atenção aos amigos e à família? Eu já não sei se consigo mais “cumprir o protocolo” e ter que querer me matar pra entregar resultados. Sorry, talvez ter visto as duas primeiras temporadas de “Black Mirror” (2011-) em tão pouco tempo esteja me influenciando demais. Taí uma série que rende muita reflexão, talvez ganhe um post só pra ela.

Talvez seja a diabetes? Eu não tenho feito dieta nem tomado os remédios direito nos últimos meses. Sinto que tenho mais sede, será que esta exaustão, a canseira, é só um sintoma da diabetes? Essa doença que dizem estar virando epidemia, outro dia vi no Netflix o documentário “What the health” (2017), talvez eu devesse me focar nisso agora, levar uma vida mais saudável, exercícios, tentar uma dieta vegana? O doc tem uns momentos um tanto forçosos, mas fatos interessantes também, e dá vontade mesmo de adotar uma dieta com base em plantas, tem o caso daquelas pessoas com ótimos resultados em questão de poucas semanas, e você começa a pensar no impacto ambiental, no mundo. A dureza é pensar se realmente consigo tirar todas essas coisas gostosas da vida; eu amo queijo, gente…

E já que estamos falando de comida, tranquilinha a série “Midnight dinner: Tokyo stories“, que a cada episódio mostra a história de um cliente desse pequeno restaurante japonês que abre de madrugada. Tem muito da cultura japonesa, então acredito que tenha situações que até pareçam estranhas aos olhos ocidentais, mas eu gosto de ver alguns pratos preparados e esses personagens inusitados com questões amorosas, familiares.

Nos últimos meses também estive acompanhando a temporada atual de Master Chefe Brasil, nunca tinha visto esse tipo de programa e me empolguei em ver os pratos que o pessoal cria, as reações dos jurados e os desafios propostos. Só que no último eles meio que forçaram a barra da manipulação (na minha humilde opinião), não dava pra uma tailandesa fazer um PF melhor que duas brasileiras que tiveram um bom desempenho até agora. Eu meio que pensei: “criaram essa prova só pra eliminar a Yuko. Com uma prova dessas, todo mundo vai entender que ela saiu. Ela já ganhou sua popularidade, mais views no YouTube, já tá bom, mas ela é estrangeira e este é Master Chefe Brasil. Já deu”. E foi batata. E eu acho que não vou mais ver o programa, porque fica meio que “marmelada”, meio que induzido demais, sei lá.

Antes de viajar eu também vi de sopetão “Sense 8” e me choquei um pouquinho só quando falaram que foi cancelada (mas imagina os gastos pra se fazer essa série, meu povo!). Só fiquei com pena porque queria ter visto a conclusão que os criadores tinham pensado, mas… eu gostava dos Wachowski quando ainda não eram as irmãs, eu gostei foi de Matrix (1999)…

Aliás, quantas referências à Matrix em “John Wick: chapter 2” (2017), não? O roteirista e/ou diretor devem de adorar o filme. Se bem que foi legal ver o Lawrence Fishburn dividindo o espaço de tela com Keanu Reeves de novo. O que eu lembrava do primeiro filme era de toda uma sociedade secreta, daí o cara aposentado sai matando por causa do cachorro morto… era isso? Nesta continuação, ele ainda é “o cara” lendário e leva umas belas surras, até que gostei da ambientação em Roma, belo quadro da morte na banheira; a gente foi pra Nova York recentemente, dá pra reconhecer, mas esse metrô tão limpo e moderno eu não vi não!; já a exposição com espelhos foi muito demorada e deixa a nossa cabeça meio confusa, eu acho.

Este post não poderia terminar de outra forma exceto com Keanu? Eu não sei se já cheguei a escrever por aqui ou simplesmente falar por aí o quanto gosto desse carinha? É um daqueles mistérios do mundo, né, ele não sabe atuar, sempre tem a mesma cara, não consegue passar emoção ou se impor na presença, mas… continua fazendo filmes e todo mundo parece gostar de vê-lo em cena. Recentemente eu vi “Filha de Deus” (Exposed/2016), que é tão fraquinho… um filme que demora a passar, tem o cara que morreu na guerra, tem o policial corrupto e ficamos um pouquinho perturbados, mas no final, a vida real. Vejo nas escolhas do Keanu sempre um interesse por algo fora do comum e por uma trama intrigante. E ele não tem medo de cenas violentas ou pontos que poderiam ser polêmicos, em personagens que não são infalíveis – ah, como eu achei interessante o “Advogado do diabo” (1997)*** contra Al Pacino! E quantas vezes eu revi “Velocidade Máxima” (Speed/1994)***, aquelas pessoas comuns tentando o extraordinário. E amei ver romances também, repetindo o par com Sandra Bullock e Charlize Theron. O ser humano é triste, falho e complexo – comentário muito profundo para “Caçadores de emoção (Point break/1991)**? No meu caso em particular, talvez eu tenha me afeiçoado porque bem criança ele tenha sido o Buda (Little Buddha/1993)***, e na minha adolescência ele foi Neo. Não tem como, né? Depois a gente fica sabendo da sua história de vida real e se condói. E torce pra que esse cara que é gente como a gente, de boas, consiga ser feliz, apesar de tudo. Acho que deve ser coisa de certos virginianos, que já tem uma aura melancólica imbuída – e eu me incluo nessa categoria. Acho que gostamos de ver é isso, a humanidade de sermos simplesmente nós, mas apesar de tudo, temos que continuar. Não sabemos exatamente pra quê, a vida é uma passagem, uma viagem, transitória; o ser humano é triste, mas estamos aí aprendendo; e todos nós somos os escolhidos, de alguma forma, na nossa própria jornada.

 

Minha diabetes e a polêmica do Dr Rocha

Este post não tem nada a ver com cinema (aliás, alguém lembra de um personagem diabético em filmes?), mas este é um blog pessoal e eu escrevo sem receber nada por isso, então, que sejam posts que eu acho interessante, né? Cope with me. Mais uma vez, repito, quem sabe não sirva de algo para algum leitor por aí afora?

Pois bem. Este é um post longo, sem fotos, desde já aviso. E é sobre a diabetes.

Eu digo que a diabetes é um carma porque ela é uma característica que é transmitida na minha família. Não significa que fizemos algo errado pra merecer isso, mas simplesmente que é algo recorrente com o qual temos que lidar. Temos que trabalhar para melhorar. No Budismo que sigo, falamos de carma positivo e negativo. Claro que podemos herdar coisas ruins de nossos ancestrais, mas também coisas boas. E podemos tentar “purificar” o lado negativo, transformando nossas vidas.

Minha avó tinha diabetes e teve que amputar as duas pernas antes de falecer. A filha dela, minha mãe, descobriu a diabetes após a gravidez do meu irmão mais novo (já faz mais de 20 anos). E da parte do meu pai, as duas irmãs dele também sofrem da doença. Ou seja, era inevitável que eu, como mulher, herdaria esse “carma”.

Agora, o que fazer? Se deixar abater porque não pode comer mais nada, porque tem que tomar remédios e num futuro insulina, porque provavelmente terei o mesmo destino de milhares de diabéticos com a doença em estado avançado, sofrendo de problemas na visão, nos rins, em outros órgãos, na disposição de espírito…?

Acho que foi em 2003 que descobri ter um nível de glicose alto no sangue. Na época, ainda diagnosticada como “pré-diabética”, eu deixei quieto e segui comendo normalmente. Em outro momento, tentei ir ao médico, ele me disse pra cortar praticamente tudo da minha alimentação e quando retornei, falou pra eu continuar por mais 2 meses com aquela dieta. Como não consegui, não voltei mais. Então, um médico receitou um remédio, que começou a me dar efeitos colaterais, ânsia de vômito e outras tremedeiras, no que eu desisti de novo.

E a diabetes é essa doença silenciosa, nem sempre os sintomas são perceptíveis, a gente pode ir enrolando e nada muito grave vai acontecer. Até você sentir muita sede, muita vontade de urinar, muito sono e cansaço, tonturas e outros sintomas que já são indicativo de um estado muito ruim. Porque quando chegam os sintomas é porque já tá mal mesmo.

Até que no ano passado, já agora com mais de 30 anos, decidi enfrentar esse bicho mais uma vez. O médico me receitou um monte de remédios – e não são baratos não! – e durou alguns meses, mas tem uma hora que a gente olha pra tudo aquilo e fala: “puxa, será que realmente eu preciso de tudo isso?”. Ainda mais eu, que nunca gostei nem de tomar remédio pra gripe… tudo isso de coisas artificiais entrando no meu corpo não me pareceu certo.

E eu desisti de novo. Mas dali alguns meses, mais ou menos na mesma época em que eu pensei em tentar só com dieta e exercícios, minha mãe também estava procurando por algo mais eficaz no seu próprio tratamento (minha mãe já tomava insulina 2 vezes ao dia e mais um remédio). E ela viu a reportagem na Record e decidiu dar uma chance a esse tal Dr Rocha – que ela já tinha visto antes, mas tinha achado que era só propaganda enganosa pra ganharem dinheiro.

Ok, agora sobre a polêmica do Dr. Rocha. Poucas semanas depois dessa reportagem no canal da Rede Record, veio o Fantástico, da Rede Globo, fazer uma matéria sobre ele também. Num jornalismo beirando ao sensacionalismo, a reportagem era como uma denúncia. As duas reportagens estão disponíveis online, inclusive também a resposta do próprio doutor, e percebe-se uma diferença gritante.

Como quase profissional da imagem que sou (só fiz 2 anos de faculdade audiovisual), fico impressionada como uma emissora do porte da Rede Globo pode induzir o grande público a pensar o que ela quer. É incrível como numa era como a nossa, com tanta informação disponível, eles ainda querem impor opiniões assim… É visivelmente perceptível como quiseram induzir o telespectador, com informações simplistas. Se fossem imparciais, por exemplo, além de mostrar o depoimento de alguém contra, procurariam um depoimento de caso bem sucedido. Não cortariam o convidado apenas falando “e o colesterol?” (e quem viu os vídeos do Dr Rocha sabe bem que ele não se esquece do colesterol). E nós sabemos bem de outros cortes de informações que podem ter entrado ali.

Claro, eu não estou aqui apenas para defender o tal médico, tem coisas que eu não concordo também. Realmente, não se pode falar de “cura” da diabetes, porque até agora isso não existe, em lugar algum do mundo. A diabetes não vai sumir como que por milagre, se a pessoa não continuar tratando, a diabetes continua existindo e sofre-se as consequências. O que podemos falar é de tratamento, é que o programa dele ajuda a controlar a diabetes, isso sim.

Podemos falar que ele tem embasamento em pesquisas e que há muitos casos para quem realmente esse programa deu certo. Mas devemos admitir que não serão todas as pessoas que vão se adaptar ao que é proposto e, portanto, o tratamento não terá eficácia. Além disso, é óbvio que, se o pâncreas de pacientes do tipo 1 não produz insulina, eles vão ter que tomar alguma dose de insulina, ou algo que reponha ou faça a glicose entrar lá na célula e não ficar boiando pelo sangue.

A maioria dos pacientes, porém, é do tipo 2, e pra eles o tipo de alimentação proposta pode funcionar bem. E podem mesmo reduzir a medicação, por vias mais naturais. Eu entendo bem esse sentimento, de querer poder se tratar sem tantos efeitos colaterais. Tudo o que nós queremos é uma esperança, mas claro que não somos tão ingênuos para sermos enganados por um “milagre”que pode só estar se aproveitando dessa nossa vontade para ganhar dinheiro.

Pelo meu histórico, vocês devem imaginar que já li várias coisas sobre diabetes e cresci entendendo pouco a pouco a doença. Não vou me deixar enganar, mas estou disposta a arriscar esse plano, pois concordo com muitos pontos que o Dr Rocha aborda. Eu tenho acompanhado com minha mãe, e acho interessante que os familiares próximos do diabético tentem também acompanhar, para entender algumas mudanças no próprio estilo de vida da pessoa.

Eu me proponho a também tentar esse “projeto” como Dr Rocha diz, e talvez eu escreva posts por aqui sobre como isso vai se dar no geral. Por enquanto, deixo a critério de vocês pensarem – porque isto aqui não é Rede Globo de Televisão. Ainda bem que hoje temos vias livres de expressão.